quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Debate da Band favorece Dilma, Aécio e Marina; PSOL reclama

No primeiro debate entre os candidatos ao Palácio do Planalto, realizado na noite desta terça-feira, a Band apostou em um novo formato que acabou favorecendo a exposição dos três principais candidatos da disputa: Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

Ao contrário dos debates realizados até então, nos quais todos os candidatos participam com uma pergunta e uma resposta nos blocos de confrontos diretos, o evento desta terça permitia que cada candidato fosse questionado até duas vezes pelos adversários. Dessa forma, Dilma, Marina e Aécio responderam a duas perguntas cada um no segundo bloco, enquanto Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB) não foram questionados por ninguém.

“Frustrada”, a candidata do PSOL aproveitou sua vez de fazer uma pergunta a um adversário para reclamar ao vivo: “Estou frustrada porque ninguém me perguntou”, disse. A queixa de Luciana Genro provocou reação do apresentador Ricardo Boechat, que se apressou em dizer que as regras tinham sido previamente acordadas com as assessorias das campanhas.

De acordo com Fernando Mitre, diretor nacional de jornalismo da Band, o modelo é inédito. Embora reconheça que houve polarização em alguns momentos, Mitre considera “flexível” o novo formato de debate e aposta que a novidade tenha agradado público e candidatos.

Após o evento, Luciana Genro disse que, apesar das regras, conseguiu debater. “As regras não foram as ideais, mas foi importante porque pudemos debater. Tivemos oportunidades de confrontar a Dilma e a Marina, mostrar as semelhanças entre elas e defender as propostas do PSOL”, afirmou.

O presidente estadual do PT e coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, Emídio de Souza, disse que o formato do debate representa “o que o País quer ouvir”. “Querem saber o que quem disputa para valer esta eleição tem a dizer”, disse.

Maurício Rands, que era coordenador da campanha de Eduardo Campos, disse que o modelo escolhido para o debate é “democrático”, visto que dá voz a vários partidos, e que é “natural que a maior curiosidade recaia sobre os três principais candidatos”. “Se eles têm mais chances de virem a governar o Brasil, é natural que transmitam suas ideias e soluções para a opinião pública”, continuou.

Depois dos três líderes, o pastor Everaldo (PSC) foi o que mais apareceu no debate. No quarto bloco, por exemplo, de confronto direto, ele foi questionado duas vezes, por Dilma e Marina – as candidatas também foram questionadas duas vezes por adversários. Na opinião do pastor, ninguém pode reclamar de regras predefinidas. “Eu me senti bem feliz. Não tenho nada a reclamar. As regras foram estabelecidas, portanto, não se pode reclamar. Foi previamente acertado. O que é combinado não é caro.”

A maior exposição de Dilma, Marina e Aécio foi impulsionada até mesmo pelos jornalistas da Band, que participaram do debate no terceiro e no quinto blocos. Cada um dos candidatos teve que responder a uma pergunta, mas eles podiam ser indicados mais de uma vez pelos jornalistas para comentar as respostas dos adversários.

Com isso, Dilma, Marina e Aécio apareceram três vezes em cada um desses blocos - uma vez respondendo; outras duas vezes comentando -, enquanto a maioria dos outros candidatos apareceu apenas uma vez. As exceções foram Eduardo Jorge e Luciana Genro, indicados para comentar respostas de Levy Fidelix no terceiro e no quinto blocos, respectivamente.

De todos, Levy foi o candidato que teve menos oportunidades de falar. Embora reconheça que os líderes apareceram mais, o candidato do PRTB preferiu não criticar o modelo do debate. “A formatação foi muito boa, deu oportunidades muito boas a todos. Mesmo que entre eles (líderes) muito mais. Mas não foi apenas para eles, eu mesmo fiz várias intervenções. Falei no início, no final”, concluiu Levy.
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