No dia 27 de janeiro de 1992, o povo brasileiro chorou a perda do
locutor de rodeios Zé do Prato. Considerado até hoje como o grande pai
da festa de peão, o "Anjo Negro" morreu aos 43 anos de idade, vítima de
uma infecção no pâncreas.
"Ele foi um deus do rodeio. Até hoje não tem um locutor igual a ele", diz o amigo André Luis de Lima.
Zé foi um dos maiores locutores de todos os tempos e um dos mais
requisitados em todo o país. Recebeu a proposta para encarar a profissão
quando trabalhava em uma rádio em Regente Feijó, onde nasceu. O
responsável pela descoberta do locutor foi o dono da primeira companhia
de rodeio do Brasil, Jorge dos Santos.
"Mandei meu filho chama-lo e falei: ‘Zé, quanto você ganha por mês na
rádio?’. Ele falou: ‘Eu ganho 300 mil-réis’. E eu brinquei: ‘Vou te
pagar 300 por rodeio, mas você vai ter que montar em três cavalos
primeiro’. Ele recusou e eu avisei que ele ia ser só locutor. Daí ele
topou viajar comigo", relembra.
No começo, Zé do Prato - o apelido veio na infância, devido ao
instrumento que ele tocava na fanfarra da cidade - não entendia nada de
rodeio, mas foi aprendendo aos poucos e logo se mudou para Piracicaba
(SP), onde sua maneira de falar, o jeito de brincar e fazer amizade
atraía o grande público às arenas.
"Ele era calmo, educado, tinha um gravador na cabeça, não esquecia o
nome de ninguém, apresentava sem papel e agradecia aos fazendeiros, aos
comerciantes", conta Santos.
O ex-peão Adão Correia montou por mais de 25 anos e diz ter pedido as
contas de quantas provas participou com a locução de Zé do Prato. A
trajetória ultrapassou as arenas e virou uma grande amizade.
"Nós éramos amigos inseparáveis. Onde um estava, o outro estava. Ele
nunca falava o que estava acontecendo, ele sempre estava em uma boa",
afirma.
A irmã mais nova do locutor acompanhou os últimos momentos de luta
conta a doença, quando ele foi transferido para um hospital em São
Paulo.
"Ele tinha esperança de que ia sair e voltar a fazer rodeio. Ele
tinha muita fé em Nossa Senhora. Ele brincava muito com o empresário,
dizia ‘Já marcou o rodeio?’. Ele tinha esperança, jamais passou pela
cabeça dele que seria o fim", emociona-se a irmã Ana Rita de Souza.
Ao lado dela, a outra irmã, Sônia Aparecida de Souza, conta que foi
tudo muito rápido. Zé foi internado no dia 27 de dezembro de 1991 e
morreu um mês depois.
"Para a gente, foi um susto. Ele estava fazendo rodeio, um pouco antes do Natal. Foi muito triste", diz.
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