domingo, 29 de janeiro de 2012

Brasileiro de 20 anos filma curta já com convite para estreia em Cannes Curitibano Igor Bonatto dirige o curta-metragem DES., sétimo da carreira. Filme tem Bruno Gagliasso, Laura Neiva e Alexandre Herchcovitch.

Igor Bonatto entrou no curso de cinema da
Vancouver Film School, no Canadá, aos 16 anos 

Aos 20 anos, o cineasta curitibano Igor Bonatto dirige o sétimo curta-metragem da carreira. Audacioso e um tanto precoce, o diretor e roteirista de DES. conta que a pouca idade geralmente causa “estranheza” no primeiro momento. “Mas à medida que quebra o receio, o paradigma de: 'pô, o que esse cara de 20 anos vai fazer no set', o resto vem com muito mais facilidade”, revela.

O filme, que começou a ser rodado há pouco mais de uma semana na capital paulista, tem previsão de estreia em maio no Festival de Cannes, com convite para concorrer à Palma de Ouro da categoria curta-metragem. Apesar de estar receoso com o prazo para finalizar o produto, Bonatto diz que esse é o prêmio a que sempre sonhou concorrer. E quando questionado se vislumbra uma futura indicação ao Oscar, ele responde com firmeza. “Também é possível sim. Por que não? A gente se dedicou bastante pra concorrer com os
melhores”.

Ciente de que a maturidade pesa tanto para ganhar a confiança das pessoas, como para exercer a função de diretor com mais segurança, Bonatto contou ao G1 que trabalha no roteiro e na co-produção do curta há um ano e três meses. “Foi necessário tempo, não só para captar [dinheiro], mas também para amadurecer o roteiro, para eu amadurecer como diretor. (…) Como eu sou novo, tenho que provar maturidade, então fiz um filme bastante maduro.”
Como eu sou novo, tenho que provar maturidade, então fiz um filme bastante maduro"
Igor Bonatto, cineasta de 20 anos
DES. conta a história de duas jovens modelos e aborda as contradições do mundo da moda. Segundo o cineasta, a intenção real do filme é mostrar ao público que “esse universo não é tão bonitinho quanto parece”. No elenco, Bruno Gagliasso interpreta o fotógrafo Klaus, Camila Finn e Laura Neiva são as protagonistas e Rodrigo Capella é o empresário Ric.

Além destes, a equipe do projeto DES. reúne prestigiados nomes do cinema e da moda. Entre eles, Daniel Rezende, editor de "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite", o produtor Hank Levine, também de "Cidade de Deus" e "Lixo Extraordinário", e o estilista Alexandre Herchcovitch como figurinista. Figuras que foram se conectando através de e-mails, telefonemas e contatos de conhecidos. “Uma mistura de sorte e muito esforço, muita dedicação”, resume o jovem diretor que bateu de porta em porta para apresentar o projeto.
Alexandre Herchcovitch, figurinista do filme, e Igor Bonatto nos bastidores das gravações do curta DES    

 Filmes nacionais versus filmes estrangeirosFormado em cinema pela Vancouver Film School, no Canadá, e conhecedor da linguagem cinematográfica internacional, Bonatto diz ter percebido que "a grande diferença" do cinema brasileiro com o cinema internacional se dá já na concepção do roteiro. Para ele, a maioria dos cineastas brasileiros começam um projeto com "um pé atrás", sabendo das limitações orçamentárias e das restrições que a indústria nacional impõe.

“No cinema internacional, principalmente o norte-americano e alguns países europeus, eles primeiro concebem a ideia que querem fazer e depois fazem o possível para tornar aquela ideia viável. Aqui, vão criar filmes que tenham poucas locações, que sejam pouco ambiciosos, que não tenham grandes efeitos visuais sabendo que é difícil sim a captação. Já começa perdendo”, explica
 Por acreditar no potencial em DES., Bonatto se desdobrou para captar os cerca de R$ 450 mil previstos no orçamento do curta. Inicialmente, investindo grana do próprio bolso, chegou a fazer uma campanha de financiamento coletivo do filme – em que qualquer pessoa podia contribuir com a quantia que desejasse (entre R$ 15 e R$ 15 mil) e, em um sistema de recompesa, concorria a produtos do filme, convite para o São Paulo Fashion Week e até um vestido assinado pelo parceiro Herchcovitch – em que arrecadou R$ 20 mil. Por último, foi atrás de patrocinadores. “Os investidores surgiram de conversa de bar, alguém que conhecia alguém que conhecia alguém. Outros foram através do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), mandei e-mails, fiz telefonemas... Foi uma busca por dinheiro que no final deu certo”.

Tão certo, que duas emissoras de televisão já mostraram interesse em transformar o curta em uma série. As negociações devem ser concluídas no próximo mês e Bonatto tem convites para dirigir comerciais e um longa-metragem no decorrer de 2012.

RaízesSem perder o foco, o curitibano que morou durante a maior parte da infância em Matinhos, no litoral do Paraná, recorda que a experiência da vida pacata na cidade pequena lhe rendeu a visão da vida simples que tem hoje. De Curitiba, tem a lembrança das tardes nas livrarias e a pontua como chave de acesso à cultura. Mas é a vivência em Paris, a partir dos 7 anos, que relaciona como linha divisória da trajetória pessoal.

“Um cineasta para se tornar completo tem que ter bastante experiência de vida e eu sempre tive o privilégio de viajar muito e conhecer um pouco de tudo. Tanto do mundo simples, quanto do mundo luxuoso. Do mundo seguro e do mundo perigoso. Me arrisquei bastante sabendo que isso ia contribuir para desenvolver bons personagens e boas histórias”, conta.
Gravações do curta-metragem DES. são realizadas em São Paulo (SP) 
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