Escutas telefônicas revelam que criminosos negociavam drogas e armas e determinava morte de autoridades como Geraldo Alckmin.
Megainvestigação do Ministério Público comprovou que a cúpula de uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios de São Paulo negociava drogas e armas, planejava a libertação de presos e ainda determinava a morte de autoridades, como a do governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
A investigação começou em março de 2010 e terminou em janeiro deste ano. Os promotores de justiça reuniram escutas telefônicas que comprovam que a facção criminosa que age dentro e fora dos presídios do estado de São Paulo é comandada por telefone, de dentro da penitenciária dois de Presidente Venceslau, no oeste do estado.
Segundo o MP, a organização criminosa controla 90%das unidades prisionais do estado. E tem como chefe principal Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Pela primeira vez, ele foi identificado em uma escuta em que diz ser o responsável pela redução de homicídios no estado. Numa gravação Marcola conversa com Magrelo, integrante da facção.
Magrelo
Sabia que esses caras tinha que te agradecer porque você deixou a maior paz aí. Já pensou se tivesse crack, esses negócio na cadeia... Como que ia tá? Eles ia pedir seguro toda hora...
Sabia que esses caras tinha que te agradecer porque você deixou a maior paz aí. Já pensou se tivesse crack, esses negócio na cadeia... Como que ia tá? Eles ia pedir seguro toda hora...
Marcola
Ô irmão... Sabe o pior o que é? É que hoje... Há 10 anos atrás todo mundo matava todo mundo por nada... Hoje pra matar alguém é a maior burocracia.., quer dizer: os homicídio cai não sei quantos por cento, aí eu vejo o governador chegar lá...
Ô irmão... Sabe o pior o que é? É que hoje... Há 10 anos atrás todo mundo matava todo mundo por nada... Hoje pra matar alguém é a maior burocracia.., quer dizer: os homicídio cai não sei quantos por cento, aí eu vejo o governador chegar lá...
Magrelo
Deixa eu só falar uma coisa pro cê...
Deixa eu só falar uma coisa pro cê...
Marcola:
...e falar que foi ele.
...e falar que foi ele.
Magrelo
As estatísticas aí ó, tão falando que a criminalidade diminuiu em São Paulo. Os homicídio caiu mas não foi eles (governo). Foi o pessoal (criminosos) que causou isso daí.
As estatísticas aí ó, tão falando que a criminalidade diminuiu em São Paulo. Os homicídio caiu mas não foi eles (governo). Foi o pessoal (criminosos) que causou isso daí.
Marcola
Mas a polícia sabe disso
Mas a polícia sabe disso
Segundo o Ministério Público estadual, uma das escutas feitas com autorização da justiça revelou que a facção criminosa chegou a decretar a morte do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Na escuta, dois integrantes conversam.
LH
Depois que esse governador entrou aí o bagulho ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que nois decretou ele (governador), então, hoje em dia, secretário de segurança pública, secretário de administração, comandante dos vermes (pm), estão todos contra nois.
Depois que esse governador entrou aí o bagulho ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que nois decretou ele (governador), então, hoje em dia, secretário de segurança pública, secretário de administração, comandante dos vermes (pm), estão todos contra nois.
O Ministério Público de São Paulo afirma ainda que a organização também usa o celular para negociar drogas, principal fonte de dinheiro para a compra de armas.
O Ministério Público pediu a prisão de 175 integrantes da facção, mas o pedido foi negado pelo juiz de Presidente Venceslau. O MP recorreu da decisão no Tribunal de Justiça em São Paulo.
A investigação do Ministério Público de São Paulo foi reportagem do jornal O Estado de São Paulo desta sexta (11).
A investigação do Ministério Público de São Paulo foi reportagem do jornal O Estado de São Paulo desta sexta (11).
A reportagem diz que as provas permitiram a construção de um retrato inédito e profundo da maior facção criminosa do país. De acordo com o Estadão os promotores conseguiram também documentos, depoimentos de testemunhas e informações sobre apreensões de centenas de quilos de drogas e de armas.
A organização criminosa, diz o jornal, está presente em 22 estados do país e em mais dois países: Bolívia e Paraguai. E fatura cerca de R$ 8 milhões por mês com o tráfico de drogas.
Ainda segundo a reportagem o grupo tem um arsenal de cem fuzis em uma reserva de armas e R$ 7 milhões enterrados em sete imóveis adquiridos pela facção.
Para conseguir fazer o maior mapeamento, a maior investigação da história do crime organizado no país, foi preciso trabalhar muito e junto. Tanto que a denúncia do ministério público estadual. Foi assinada por 23 promotores de justiça de todos os Gaecos de São Paulo, Grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado.
Para conseguir fazer o maior mapeamento, a maior investigação da história do crime organizado no país, foi preciso trabalhar muito e junto. Tanto que a denúncia do ministério público estadual. Foi assinada por 23 promotores de justiça de todos os Gaecos de São Paulo, Grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulgou uma nota dizendo que a afirmação de um dos chefes da organização criminosa sobre a queda dos homicídios no estado e sobre a decretação da morte do governador é “uma fanfarronice típica de marginais. Dar crédito a elas beira o absurdo".
A Secretaria de Administração Penitenciária do São Paulo disse que pediu a internação de 35 presidiários do Centro de Readaptação de Presidente Bernardes para o regime disciplinar diferenciado,o RDD, mas o pedido foi negado pela autoridade judiciária. Nós entramos em contato com o Tribunal de Justiça que ainda não nos respondeu.
Procuramos também o advogado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Roberto Parentoni informou que ainda não teve acesso ao conteúdo da denúncia feita pelo Ministério Público estadual contra seu cliente, e que, por isso, não pode se pronunciar. Marcola está preso na penitenciária dois em Presidente Venceslau no interior de São Paulo desde 2006.
Roberto Parentoni informou que ainda não teve acesso ao conteúdo da denúncia feita pelo Ministério Público estadual contra seu cliente, e que, por isso, não pode se pronunciar. Marcola está preso na penitenciária dois em Presidente Venceslau no interior de São Paulo desde 2006.
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