Stella Prestes, de 18 anos, está se recuperando e fora de perigo. Familiares postaram foto dela no hospital
Ao contrário da versão inicial passada pela Polícia Rodoviária sobre o acidente que matou quatro estudantes de
medicina da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), de Presidente
Prudente, numa rodovia em Jales, na madrugada da última segunda-feira
(15), a sobrevivente Stella Prestes Cardoso Wagner, 18 anos, não foi
arremessada para fora do veículo com o impacto, mas, sim, teria soltado o
cinto sozinha e saído pelo vidro quebrado, quando colegas a ajudaram
antes que o veículo fosse tomado pelo fogo.Se recuperando no hospital e já fora de perigo, ela contou essa versão aos amigos. De acordo com o presidente da Associação Atlética Acadêmica do curso, Raphael Cacílio, ele esteve com Stella na segunda-feira, em visita à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Jales e, apesar de no dia ela estar sentindo muitas dores, conversou um pouco com ele.
“Ela contou que conseguiu se soltar do cinto de segurança e saiu pelo vidro do carro, que tinha sido estourado no acidente. Logo em seguida, alguns amigos, que vinham nos carros logo atrás, ajudaram a tirá-la de perto antes que o veículo se incendiasse por completo”, conta.
O estudante revela ainda que esses mesmos amigos ainda tentaram apagar o fogo com um extintor, mas sem sucesso.
Na ocasião, o veículo em que estavam os cinco estudantes voltando de uma competição foi atingido de frente por um caminhão que tentava ultrapassar outro. Morreram carbonizados Rodrigo Gamba, 20 anos, morador de Lages (SC); Mariana da Silva, 21 anos, de Presidente Prudente; e Bárbara Regina Sequinel, 21 anos, de Ponta Grossa (PR). Heitor Cunha Breda, 19 anos, de Regente Feijó, teria sido arremessado para fora do carro e morrido na hora.
Estado de saúde
Stella, que cursa o 1º termo de medicina e é da cidade de Itaberá (SP), continua internada na Santa Casa de Jales, porém, segundo um boletim informativo do hospital divulgado nesta quarta-feira (17), após a cirurgia, seu estado é estável.
“De ontem (16) para hoje (17) ela teve uma melhora, recebeu alta da UTI e foi transferida para o quarto, na enfermaria. Ela respira sem ajuda de aparelhos, está consciente, conversando e, segundo o médico responsável, não corre mais risco de morte”, aponta.
O presidente da Atlética do curso de medicina confirma a boa notícia e salienta que já no dia seguinte do acidente, momento em que foi visitá-la, ela se queixava de algumas dores, mas que fisicamente estava bem, apenas com alguns arranhões e com a marca do cinto de segurança no tórax.
“Conseguimos até mesmo ver alguns sorrisos dela. Acho importante informar às pessoas que estão preocupadas que ela está bem e que a família está com ela e que não corre mais risco”, diz.
Na segunda-feira à noite mais de 200 estudantes do curso se reuniram em frente ao Bloco H do Campus I da Unoeste, onde ocorrem as aulas de medicina, para homenagear os amigosenvolvidos no acidente.
Investigação
O delegado do 1º Distrito Policial de Jales, Elton José Honorato, responsável pela investigação do caso, explica que divergências a respeito do acidente são normais e não afetam o inquérito.
“Dentro do contexto geral, a gente busca a verdade. A princípio temos formalizada a versão da Polícia Rodoviária, que não colheu mais informações porque a sobrevivente não estava em condições de contar”, afirma.
Ele ainda fala que conforme o andamento do inquérito, todos os envolvidos serão ouvidos, inclusive os possíveis colegas que auxiliaram no resgate.
“Vamos pegar o depoimento de todos para apurar quem deu causa ao acidente, esse é o principal objetivo. As partes vão contar o que presenciaram, vamos tirar as dúvidas para então fecharmos o que de fato aconteceu”, finaliza Honorato.
Caso se comprove que o caminhoneiro deu mesmo causa ao acidente, ele deve ser indiciado por homicídio culposo - sem intenção de matar – e lesão corporal.
Erika Foglia e Heloise Hamada
Do Ifronteira
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